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Linguagem neutra e sua importância na inclusão e representatividade

A agenda ESG já faz parte do cerne de muitas corporações e vem crescendo. Quando pensamos em Governança Ambiental, Social e Corporativa, a parte ‘social’ é tão importante e urgente quanto as questões sobre sustentabilidade, porém é uma das partes mais complexas, envolve criar laços com a comunidade onde está inserida e assim gerar um impacto positivo na sociedade.

Uma empresa que promova a diversidade (de gênero, racial e sexual) está alinhada com a mudança de comportamento das gerações e com os novos consumidores (millennials e geração Z).

A linguagem neutra, ou linguagem não binária, não é obrigação imposta por nenhum movimento da causa LGBTQI+, mas uma discussão que propõe uma modificação na língua portuguesa para incluir pessoas trans não binárias, intersexo e as que não se identificam com os gêneros feminino e masculino. A ideia é criar um gênero neutro para ser usado ao se referir a coletivos ou a alguém que não se encaixa no binarismo.

O assunto ainda faz parte de uma bolha (internet, redes sociais), porém durante as Olimpíadas do Japão no jogo entre Japão e Canadá no futebol feminino, a narradora Natalia Lara adotou o pronome neutro, dessa vez na tela da Globo, para se referir a Quinn, atleta canadense que se identifica como trans não-binário (nasceu com o sexo biológico feminino, mas não se identifica nem como homem, nem como mulher). “Vou usar um pronome de Quinn para a entrada da Rose. Quinn que é uma pessoa trans não-binária, por isso a gente fala com o pronome neutro. Então, saindo Quinn para a entrada da Rose”, explicou. “Elu jogou muito bem ali no meio campo, marcou demais”, complementou o comentarista Conrado Santana. 

Ou seja, aos poucos o tema vai ganhando espaço e dando oportunidade para mais informação. A luta não é de hoje. Em 2015, a tentativa de inclusão do gênero não-binário na língua portuguesa ganhou o pronome ILE, sugerido no manifesto “Para Uma Comunicação Radicalmente Inclusiva”, criado por Andrea Zanella Psicóloga, e e Pri Bertucci, CEO da Diversity Box, como alternativa para a usual generalização no masculino. 

O uso de ‘x’ e ‘@’ no lugar de ‘a’ ou ‘o’ não funciona na linguagem oral. O correto é utilizar a letra ‘e’ em palavras neutras, como ‘todes’ e ‘amigues’, e não ‘x’ ou ‘@’. Esses símbolos tornam complicada a leitura, a fala e a escuta das palavras. 

Na escrita, muitas vezes as pessoas usam a letra ‘x’ no lugar das letras ‘o’ ou ‘a’. Assim: ‘cansada”, em vez de ‘cansado’ ou ‘cansada’; ‘animadx’, em vez de ‘animado’ ou ‘animada’. 

Acontece que quem precisa de tecnologias assistivas, como softwares de leitura de texto e tela, não se beneficia do ‘x’. Isso porque esses programas muitas vezes não conseguem reconhecer o que está escrito, embora diferentes programas reajam de forma menos ou mais acessíveis . Mas se estamos propondo inclusão, então a alternativa correta é o uso da letra ‘e’. Veja: ‘cansade”, ‘animade’, ‘incluíde’.

Para reforçar: ao passo que técnicas como ‘@’ e ‘x’ – ‘el@s’ e ‘todxs’ – não são tão usadas, por dificultar a leitura, podemos optar por ‘ili’/’elu’, ‘dili’/’delu’, ‘todes’ etc.

Como incluir a linguagem neutra na prática?

Por exemplo, a empresa pode orientar os funcionários a evitarem expressões como ‘homossexualismo’ (o sufixo ‘ismo’ indica doença) e ‘opção sexual’ e a utilizarem, por outro lado, os termos ‘homossexualidade’ e ‘orientação sexual’.

Para falar com pessoas de gêneros ‘não-binários’, se recomenda o uso dos artigos ‘ile/dile’, ao invés de ‘a/ela/dela’ ou ‘o/ele/dele’. Respeite sempre o nome social das pessoas trans e nunca pergunte ‘qual o seu nome verdadeiro’? Isso é indelicado e causa um constrangimento desnecessário.

Várias empresas já possuem guias de comunicação inclusiva como instrumento de conscientização e educação de seus líderes e funcionários sobre o tema, afinal é um assunto relativamente novo que necessita mais conhecimento por parte de todes. 

Notas:

  1. Estudo publicado pela Scientific Reports em janeiro de 2021 aponta que quase 2% da população brasileira é transgênera ou não-binária – o que equivale a cerca de 3 milhões de pessoas.
  2. A linguagem neutra é também chamada de Neolinguagem, Linguagem não-discriminadora de gênero, ou Linguagem não-binária.

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